quarta-feira, 24 de março de 2010

Com a graça de uma criança


“Mãe, tem brinquedo!”
“Tem sim.”
“Pode brincar?”
“Não, primeiro temos que resolver...”


Foi tudo que ouvi da conversa entre mãe e filha: uma menina loirinha, com um belo vestido e possivelmente seus 7 ou 8 anos. O que notei assim que a vi abrindo a porta, enquanto sua mãe ainda subia a escada, era que ela tem Síndrome de Down.

A síndrome não a fez menos independente, nem menos criança. Na verdade, vejo em portadores de síndrome de down um amor e uma alegria exemplares. Coisa que muitas crianças estão perdendo hoje em dia e dando lugar a egoísmo e rebeldia.

Talvez esses não tenham muita culpa. Os maiores culpados são aqueles que trabalham demais e esquecem de separar um tempo para se divertir com os filhos, acompanhar seu crescimento e dar amor. Geralmente essa falta é compensada com brinquedos, jogos e tudo que de mais moderno existir no mercado. E depois esses pais se perguntam: De onde vem esse egoísmo? De onde vem essa violência? Por que meu filho está agindo assim?

Voltando à menina que observei na sede do meu plano de saúde. Aquela exclamação na primeira frase do texto é para tentar expressar o tom de voz que ouvi, cheio de alegria e ao mesmo tempo demonstrando amor e cumplicidade com aquela mãe.

“Com a graça de uma criança e não com a tristeza de um adulto.”
Essa é uma frase de um texto muito famoso que circula na Internet. Já vi várias versões com uma inversão dessa frase, mas gosto mais dessa e creio que seja a correta. Quem fez uma reflexão tão profunda quanto o autor daquele texto sabe que as crianças são seres graciosos, enquanto os adultos são tristes pelas mágoas e sofrimentos e temerosos pelo que ainda está por vir.

Infelizmente nem todas as crianças continuam com essa graça preservada por muito tempo. E o que podemos fazer para mudar isso? Pais, qual tem sido seu papel na vida do seu filho?

Autora: Renata Virgínia
Foto: Internet - Joana Morcazel, que fez Clara em "Páginas da Vida".